14.2.05

A esperança


Tenho a alma dividida
Em duas partes partida,
Uma delas mais que ferida,
Outra de esperança acometida
Espera que me devolvas a vida.

Sim.
Talvez não saibas
O que me tiraste um dia
Quando meus olhos te viram.
Eu homem forte e seguro,
Não reparei no momento
Que minha vida perdia.

Tudo para mim era novo
Quando te beijei com o olhar.
A minha vida, essa sim,
Deixei-a ir sem saber
Que não sabendo que a tinhas
Não ma poderias devolver.

Agora rolo pelo mundo,
Numa esperança infinda
Que vejas no meu olhar,
No meu silêncio pasmado.
No meu diálogo calado.
Na minha exuberância contida.
Que saibas o que tens contigo
E me devolvas a vida

2.2.05

O sonho



Vi-te e revi-te em sonhos de alma,
Sem nunca te ver em real imagem.
Amei-te, acredita, com toda a ternura
Sonhei um dia ter comigo
Tua doce candura.

Nunca te encontrara fora do sonho,
Nunca te vira sorrindo p’ra mim.
Nunca te tivera à mesa comigo
Sorvendo e sonhando em profunda paz,
Enfim provando o doce perfume,
Que de mim transborda em gelo e lume
Em são elogio pelo que me dás.

Sei-te algures
Sem saberes que sou,
Aquele que um dia por ti andará
Com a alma em brasa,
E sangue fervente,
Qual lava jorrando de vulcão ardente
Que rolando quieta ninguém parará

Procurei-te em vão sem sequer saber,
- mesmo que soubesse também o faria –
Se te nalgum local te veria a sombra
E tal como ela em vão ciume
Com medo que fugisses te perseguiria

Nunca te encontrei, tal como és
No sonho doce tanto sonhado.
Nem nunca te vi como desejava,
Olhando p’ra mim em serena quietude.
Apareceste-me em carne, e quente sangue
Na leda pujança da tua juventude.

Tu rindo feliz, eu soube por fim,
Que me querias amigo, e me davas beijos;
Que sendo amiga, não me tinhas amor;
Que sabendo, não rias dos meus desejos;
Que fora do sonho não eras p’ra mim.