26.9.10

Vendendo Banana

O escultural corpo passa lentamente

com sorriso franco para quem ela gosta.

Pernas fortes e peito firme,

Alguidar à cabeça e bébé nas costas.

 

Faz pela vida esta preta pobre

que muito nova ainda já vende banana.

A avó era assim e a mãe também,

Ela é o que faz por mais uma semana

 

Pois tem esperança que volte

- Não se lhe acaba a fé -

Aquele preto lindo que  a viu na esquina,

lhe comprou banana e lhe deu um bébé.

 

Luanda (26/09/2010)   JPC

19.2.10

Branco Velho

Branco velho, preta nova!


Abraçadinhos na praia,

que imagem tão pateta.

Não fosse a diferença de côr

pareciam avô e neta

com tanta cumplicidade.

Mas não!

Para o abraço ele levou dinheiro

ela levou necessidade.

4.2.10

Semba


Meus olhos presos…
Nas cadeiras da negrinha,
Morrem de inveja
Do negro que nos braços a tinha,

Do requebro e rodopio
Dos toques de ancas e peitos
Do abraço amassado
No acompanhar do ritmo
De um Semba compassado.

Esta fêmea livre e selvagem
Sem restrições nem tabús,
E que puro incenso emana
Põe-me o sangue a ferver
Põe-me o desejo a gritar
Pela Mulher Africana…
jp(R)

Viagem à Foz do Dande




Pelas nove, nove e trinta,
Montámos o KIA do colega,
Cheios de força e vigor,
Com antecipação e vontade,
De na praia da foz do Dande
ir refrescar do calor.

O sonho, esse ficou
Naquela fila imprevista
Que ia da porta do hotel
À rotunda da Boavista.

Foram 3 horas de estufa,
De buracos na paisagem
E uma cratera até Cacuaco
Que nos atormentou a viagem.

Chegar lá foi um tormento
De poeira calor e água,
que nos escorria dos corpos
qual africana frágua,

O calção que azul saiu,
Branco chegou com o sal,
Que depois que o suor secou
Parecia neve num Natal.

Chegámos pelas 12:30
Ao estacionamento do parque
Já imaginando o regresso
E a hora do embarque

O dia passou bem quedo
Com jogos cerveja e mar
Que de tão morno que estava
Nos levou a duvidar.

A dúvida lá nasceu
Quando alguém se foi molhar
Será mesmo o mar oceano
Ou alguém a urinar?

Naquele mar de água-caldo
Nossas pernas procurando
Uma corrente mais fresca
Que nos fosse refrescando

Revolvíamos as areias
Naqueles 5 palmos de mar
Por baixo os pés a cozer,
Em cima o miolo a torrar.

Com os bolsos com sementes
E dois cocos p’ra levar
Já passava das 18
Era tempo de voltar

A volta, essa foi chata
Não nos causou emoção
Só passámos 2 horas
A trepar as crateras do chão.


Ouvi então alguém dizer,
“Mesmo que o patrão me mande,
Nem de carro nem de mota,
Senão houver boa estrada,
Tão depressa não volto ao Dande."


Valeu mesmo assim o dia
E tão tormentosa viagem
Valeu pelo país; pelas gentes; pelas terras;
Pelo mar; pela paisagem….






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12.4.05

“Não digas que a tua vida não te deixa tempo para a inspiração, tu é que não deixas que a inspiração te entre na vida”

É verdade amiga!!! Nunca me disseram tal coisa de um modo tão certeiro; tão directo.
Ás vezes é necessário que um amigo novo, que não nos conhece a vida, as vivências, hábitos de trabalho ou de família, mas armado da fria acutilância de quem não conhece os dados, mas também nada tem a perder, nos diga uma frase que apesar de ser conhecida nunca foi levada a sério.
É verdade! A inspiração vem de dentro, da observação do aspecto humano, das coisas, feita não pelos olhos mas pela alma. A inspiração vem do calor dos amigos, da paixão pelos amados, da presença de quem nos ama.
A inspiração vem das paixões que aparecem sem se saber de onde, dos acasos do caração que muitas vezes julgamos so acontecerem aos outros.

Quando ainspiração nos toca podemos sorrir e pensar “Que palermice...”, ou, se tivermos paciência e dixarmos “que nos entre na vida”, e só pegar numa folha de papel, num lápis, e deixar que flua pela ponta dos dedos.
A uns aparece como linhas escritas num papel, a outros como manancial de cores numa tela, outros ainda como notas numa pauta.
Qualquer das forma é bela pois mostra como o espírito humano pode ser bonito quando o espírito humano se deixa mostrar.
Aprendemos ao longo da vida a admirar aqules que deixam que a sua sensibilidade e inspiração transborde as fronteiras do seu ser fisico, e passam para as telas, pautas ou livros que apreciamos, aquilo que lhes vai na alma.
Raramente permitimos que a nossa própria sensibilidade se torne palpável, quer para nós próprios quer para os outros.
E é tão fácil ! Basta que o que nos passa pela consciência, na apreciação muito pessoal do dia-a-dia, que guardamos hoje mas que amanhã esqueceremos, seja – se lhes dermos o devido valor e tempo – colocado numa qualquer forma para que não seja esquecido.

29.3.05

As mulheres são sensíveis !

As mulheres são sensíveis !
Ouvi um destes dias de um colega de trabalho. O homem, grande como um poste mas nalgumas coisas inocente como uma criança, divagava sobre um qualquer mal entendido , talvez até desconsideração, que numa reunião de amigos alguém tivera para com a sua.
Entre as pessoas que o ouviam, duas mulheres, irmãs, sorriam, não sei de incredulidade pelo despropósito dos comentários, pela completa anuência pelo afirmado, ou se – julgo ser esta a razão – pela satifação de ver reconhecido aquilo que normalmente afirmam:
- As mulheres são sensíveis !
Claro que são !
Os homens também !
Os homens só não usam essa sensibilidade como arma. Um homem sente, e sofre, um desgosto familiar, uma desconsideração, uma traição de um amigo, um amor não correspondido.Então pragueja.
Uma mulher não pragueja. Um qualquer problemazito, por muito pequeno que seja, e logo uma maravilhosa lágrima aparece a escorregar pela pestana. Simples válvulas de escape. Um homem pragueja para não chorar, uma mulher chora para não praguejar.
Um homem martela um dedo, solta um daqueles palavrões capazes de fazer corar um diabo de pedra, e é um “mal educado”. Uma mulher pica um dedo, solta uma lágrima e é “sensível”.
Um homem fica sem a namorada porque ela achou que ele não ficava bem ao lado dos pais, chama-a de alguns nomes que não aparecem no dicionário, e claro é “uma besta”.
Uma mulher perde o namorado porque este a trocou por uma loira com curvas de fazer enjoar o marinheiro mais experiente, e coitada, tão sensível e “foi atraiçoada”.
“As mulheres são sensíveis!”. Claro que sim.
Admiro o esforço que ao longo dos séculos elas fizeram para que assim as considerássemos, de modo a ficarmos completamente enfeitiçados e dominados.
Porque sim, não nos estejamos convencidos de outra coisa, são elas quem nos domina e escolhe.
Benditas sejam !!!!

27.3.05

Soneto à esperança (... tal como volta o vento...)

Para este mundo consciente e de vaidade
Depois de te ver perdido estou
De teu fulgurante rubor terei saudade.
Tua luz pura em minha vida entrou.

Teu coração por mim não tem piedade,
Batendo no teu peito por mim passou,
E o olhar que me deu, sem idade.
Doces esperanças no meu deixou.

Mas agora neste desesperado sofrimento
De teus lindos olhos ja não vejo a cor,
E minha alma chora em grande clamor.

O meu ser esvai-se em vão lamento,
E espera que tal como volta o vento,
P’ra mim voltes com todo o teu amor.

________________
(JP) ---

18.3.05

A conquista


Não sei...
Talvez não percebas
A razão do meu rir quando te encontro.

Não sei...
Talvez não saibas,
A razão do meu êxtase quando aspiro
O perfume dos teus cabelos.

Não sei...
Talvez não notes,
Como fico embriagado ao beber
a profundidade do teu olhar.

Mas sim sei ...
Como gostaria de beijar o teu sorriso.
Como gostaria de sentir os teus seios no meu peito
Ao som de uma valsa.

Não pode estar errado o que sinto.
Os deuses não deixarão que este chorar de alma
Não tenha sentido, seja em vão.

Deixa-me conquistar-te serenamente
Tenciono fazer-te sentir que poderei ser
Teu amigo fiel, confidente, talvez amado.

Possuir-te !!!
Não penso tal.
Como poderia desejar um momento fugidio
De amor carnal.
Quando a minha alma está escorrendo
Doces fragancias,
No infinito êxtase da conquista do teu olhar.

Deixa-me amar-te serenamente
.

14.2.05

A esperança


Tenho a alma dividida
Em duas partes partida,
Uma delas mais que ferida,
Outra de esperança acometida
Espera que me devolvas a vida.

Sim.
Talvez não saibas
O que me tiraste um dia
Quando meus olhos te viram.
Eu homem forte e seguro,
Não reparei no momento
Que minha vida perdia.

Tudo para mim era novo
Quando te beijei com o olhar.
A minha vida, essa sim,
Deixei-a ir sem saber
Que não sabendo que a tinhas
Não ma poderias devolver.

Agora rolo pelo mundo,
Numa esperança infinda
Que vejas no meu olhar,
No meu silêncio pasmado.
No meu diálogo calado.
Na minha exuberância contida.
Que saibas o que tens contigo
E me devolvas a vida

2.2.05

O sonho



Vi-te e revi-te em sonhos de alma,
Sem nunca te ver em real imagem.
Amei-te, acredita, com toda a ternura
Sonhei um dia ter comigo
Tua doce candura.

Nunca te encontrara fora do sonho,
Nunca te vira sorrindo p’ra mim.
Nunca te tivera à mesa comigo
Sorvendo e sonhando em profunda paz,
Enfim provando o doce perfume,
Que de mim transborda em gelo e lume
Em são elogio pelo que me dás.

Sei-te algures
Sem saberes que sou,
Aquele que um dia por ti andará
Com a alma em brasa,
E sangue fervente,
Qual lava jorrando de vulcão ardente
Que rolando quieta ninguém parará

Procurei-te em vão sem sequer saber,
- mesmo que soubesse também o faria –
Se te nalgum local te veria a sombra
E tal como ela em vão ciume
Com medo que fugisses te perseguiria

Nunca te encontrei, tal como és
No sonho doce tanto sonhado.
Nem nunca te vi como desejava,
Olhando p’ra mim em serena quietude.
Apareceste-me em carne, e quente sangue
Na leda pujança da tua juventude.

Tu rindo feliz, eu soube por fim,
Que me querias amigo, e me davas beijos;
Que sendo amiga, não me tinhas amor;
Que sabendo, não rias dos meus desejos;
Que fora do sonho não eras p’ra mim.